Foto: Arquivo/EBC

Cátedra José Bonifácio da USP promove reflexões sobre região ibero-americana

Espaço acadêmico traz personalidades para promover debates sobre suas áreas de atuação durante o período de um ano dentro da Universidade

16/09/2022

Crisley Santana

Criada em 2013, a Cátedra José Bonifácio que homenageia a figura-chave no processo de independência e formação do País é uma ocupação acadêmica rotativa na qual durante um ano uma figura pública ibero-americana, ligada ao ambiente universitário e de relevo internacional, lidera um grupo de pesquisadores para promover reflexões e debates acerca da área em que atua. 

Como resultado final do período à frente do posto, o catedrático coordena uma coletânea de artigos que sintetizam os temas explorados durante o mandato sob o formato de um livro, publicado pela editora da USP, a Edusp. A ocupação é vinculada à Pró-Reitoria de Pesquisa e ao Instituto de Relações Internacionais (IRI) da USP e gerida pelo Centro Ibero-Americano (CIBA). 

Este ano, os esforços da ocupação dedicaram-se a refletir sobre os 200 anos de Independência do Brasil. Parte das produções envolve a promoção de eventos, como o seminário O Bicentenário da Independência do Brasil visto do exterior, que acontecerá no dia 22 de setembro, a partir das 15 horas, no auditório do IRI, localizado no campus Butantã, em São Paulo. 

O evento vai discutir a visão da sociedade e dos centros de estudos sobre o tema, com presenças como a de Enrique Garcia, ex-presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina e catedrático da Cátedra José Bonifácio em 2019.  

A trajetória dele e das outras figuras que já passaram pela Cátedra pode ser conferida abaixo:

Rubens Ricupero (2022)

Empossado em janeiro, o atual catedrático é figura conhecida do cenário político e acadêmico brasileiro: o diplomata Rubens Ricupero. Foi ministro da Fazenda (1994) e do Meio Ambiente, entre 1993 e 1994. Atuou como secretário-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), entre 1995 e 2004, além de ter sido subsecretário-geral da ONU no mesmo período.

As ideias do catedrático concentram-se em refletir sobre o Bicentenário da Independência, entendendo o período como momento importante para refletir sobre os erros e acertos do País nos últimos 200 anos, e assim projetar perspectivas para o futuro.

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Rubens Ricupero, diplomata - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

José Antonio Ocampo (2020)

O economista colombiano José Antonio Ocampo Gaviria é atualmente ministro da Fazenda na Colômbia. Foi secretário adjunto da ONU (Organização das Nações Unidas) entre 2003 e 2007, além de secretário executivo da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) de 1988 a 2003. Como docente, atuou nas universidades americanas de Columbia e Yale e nas inglesas Oxford e Cambridge. 

Sua linha de atuação na cátedra se deu na análise dos desafios de governança globais, sobretudo em períodos de crise, com foco nas áreas político-econômicas da América Latina. A coletânea que reflete sua atuação na Cátedra foi publicada em dezembro de 2021 e ganhou o título Governança Global e Desenvolvimento.

José Antonio Ocampo, economista - Foto: Reprodução/Columbia University

Enrique García (2019)

Economista boliviano, Enrique García atuou internacionalmente como presidente do Banco de Desenvolvimento da América Latina de 1991 a 2017 e no Banco Interamericano de Desenvolvimento por 17 anos. Atuou como ministro do Planejamento e Coordenação e chefe do Gabinete Econômico e Social da Bolívia entre 1989 e 1991. Em sua carreira acadêmica destaca-se como docente na Universidad Mayor de San Andrés e Universidad Católica de La Paz, com passagem pela London School of Economics e Universidad de Havana, em Cuba.

Com base em sua atuação e experiência, o catedrático organizou seu ciclo tendo em vista os diferentes processos de desenvolvimento econômico-social na América Latina, em uma trajetória que analisou as debilidades e potencialidades da região, cruzando análises econômicas com fatores políticos, sociais e culturais ao longo do continente – e os desafios desses países para o futuro. Finalizou sua trajetória na Cátedra com a coordenação do livro Desenvolvimento e Cooperação na América Latina: A Urgência de uma Estratégia Renovada

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Enrique García, economista - Foto: Divulgação/University of Notre Dame

Laura Chinchilla (2018)

Na esteira de lideranças políticas femininas latino-americanas, a ocupante no ciclo de 2018 foi a ex-presidente e cientista política costarriquenha Laura Chinchilla Miranda. Como presidente, focou seus esforços em segurança econômica, bem-estar social, segurança pública e proteção ao meio ambiente. Publicou livros sobre temas ligados à administração da justiça, à segurança pública e à reforma policial. 

Antes de sua entrada na política, Chinchilla foi consultora de ONGs na América Latina e na África, especializando-se nos temas da reforma judicial e questões relacionadas à segurança pública. Sua passagem pela Cátedra finalizou-se com a coletânea Democracia, Liderança e Cidadania na América Latina, publicada em abril de 2019.

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Laura Chinchilla, ex-presidente da Costa Rica - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Beatriz Paredes (2017)

Segunda mulher a ocupar a cátedra, a política, diplomata e socióloga mexicana Beatriz Elena Paredes Rangel foi embaixadora do México no Brasil entre 2013 e 2017. Além de ter seguido carreira política como governadora, deputada e senadora, destacou-se na presidência do Parlamento latino-americano. 

O conhecimento e experiência sobre povos originários latino-americanos marcaram sua trajetória, incentivando a produção de pesquisadores e acadêmicos sobre o tema. A publicação O Mundo Indígena na América Latina: Olhares e Perspectivas, lançada em março de 2019, fechou o ciclo da política na Cátedra.

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Beatriz Paredes, ex-embaixadora mexicana - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Felipe González (2016)

Advogado e político, Felipe González foi presidente da Espanha entre 1982 e 1996 e secretário-geral do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) entre 1974 e 1997. Seu governo foi essencial na consolidação da democracia espanhola e no fortalecimento das relações do país com a comunidade europeia, além do estreitamento de laços na América Latina.

A preocupação com o futuro da Espanha e seu papel no contexto europeu e ibero-americano guiaram o ciclo durante o ano de 2016. As atividades desenvolvidas foram registradas na obra Governança e Democracia Representativa.

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Felipe González, ex-premiê espanhol - Foto: Divulgação EACH-USP

Nélida Piñon (2015)

Escritora carioca, Nélida Piñon faz parte da Academia Brasileira de Letras e foi a primeira mulher a presidi-la em 100 anos, quando tomou posse em 1989. Com 60 anos de carreira literária, a brasileira tem passagem pela Universidade de Miami e é a responsável pela inauguração da cadeira de Criação Literária na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Durante sua gestão, a Cátedra promoveu debates sobre temas ligados à cultura e à literatura ibero-americana, baseados no objetivo de compreender a posição que a região ocupa no mundo. A exploração de elementos comuns da cultura, como a valorização das culturas indígenas, foi fundamental nesse processo. A gestão resultou no livro As Matrizes do Fabulário Ibero-Americano.

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Nélida Piñon, escritora - Foto: Divulgação/Aun USP

Enrique Iglesias (2014)

O uruguaio Enrique Valentin Garcia Iglesias conta com diversificada trajetória como professor, economista e político. Foi diretor do Instituto de Economia da Universidad de la República de Uruguay, presidente do Banco Central e chanceler do país, além de ter sido, durante quase duas décadas, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

O projeto de investigação com mais de 50 pós-graduandos, focado em governança econômica moderna, teve como tema central a América Latina na conjuntura internacional e seus potenciais impactos econômicos, sociais e políticos. As reflexões culminaram na publicação Os Desafios da América Latina no século XXI.

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Enrique Iglesias, economista e político - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Ricardo Lagos (2013)

O primeiro titular da Cátedra, responsável pela coordenação de suas atividades de pesquisa durante o ano de 2013, foi o ex-presidente do Chile Ricardo Lago, que possui notória experiência acadêmica e política, além de jurídica e diplomática.

Auxiliado por duas pesquisadoras de pós-doutorado, dra. Fabíola Zibetti e Mireya Davilla, ele desenvolveu durante a gestão discussões sobre o desenvolvimento regional e a governança internacional na América Latina no mundo globalizado. Os temas foram discutidos por meio de uma série de palestras e conferências destinadas a pós-graduandos de 20 programas diferentes, resultando no livro A América Latina no Mundo: Desenvolvimento Regional e Governança Internacional.

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Ricardo Lagos, ex-presidente do Chile - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Foto: Reprodução/Edusp

Livros produzidos pela Cátedra

Todos os livros publicados pela Cátedra estão disponíveis on-line para download gratuito no Portal de Livros Abertos da USP, neste link.Os conteúdos refletem as atividades produzidas ao longo dos anos, com debates que envolvem os desafios da América Latina no século XXI, questões indígenas e democracia, por exemplo. Mais de 14 mil downloads já foram realizados desde que os livros foram disponibilizados, em abril de 2019. 

O próximo exemplar será lançado no dia 21 de setembro de 2022. O título Balanços e Desafios no Bicentenário da Independência registra as discussões promovidas pela Cátedra neste ano em que o Brasil completou 200 anos, com artigos assinados por especialistas e pesquisadores da Universidade. O evento de lançamento acontecerá às 9h30 no Auditório da Biblioteca Brasiliana, no campus Butantã, Cidade Universitária, em São Paulo. 

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