Produzir conhecimento sobre o passado e presente do Brasil, além de construir novos futuros à nação. Assim foi definido o Projeto USP 22 por sua coordenadora, Diana Vidal, diretora do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) durante a premiação da identidade visual, ocorrida em 15 de julho.
A cerimônia premiou os vencedores do edital USP 22, que teve como objetivo selecionar uma marca ao conjunto de atividades produzidas na Universidade sobre a independência do Brasil (1822), a Semana de Arte Moderna (1922) e o momento atual (2022), além de projetar reflexões sobre o que se pode esperar do país em cem anos (2122).
O evento ocorreu da sala do conselho universitário da USP, com participação do reitor Vahan Agopyan, Antonio Carlos Hernandes, vice-reitor, Maria Aparecida de Andrade Moreira Machado, pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária, além de Diana Vidal, coordenadora do projeto e Carlos Alberto Brandão, vice-coordenador.
A transmissão da cerimônia foi realizada ao vivo pelo YouTube.
Ciclo 22: a identidade visual escolhida
A marca que passou a representar o projeto se chama Ciclo 22. A identidade visual é composta por desenhos de anéis que se formam no tronco da árvore Pau-brasil, envolvida no nome do país e detentora de importância histórica, econômica e cultural.
A proposta foi elaborada pelo grupo de estudantes Felipe Soares Miranda, Fernanda Bispo Luiz, Mariana Mente Marubayashi, Mayanna Yumi Souza dos Reis, Paulo Gabriel Leandro Belarmino Cristovão e Robson Lima dos Santos, com coordenação do professor Bruno Pompeu. Todos eles são do curso de publicidade e propaganda da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, em São Paulo.
Marca Ciclo 22, vencedora do edital do concurso
Para o grupo, além da simbologia que a árvore traz, o desenho cíclico dos anéis representa a construção de um futuro baseado nas experiências passadas. “A gente já teve uma independência nacional e uma independência estética. Então pensamos o que que a gente quer buscar pro Brasil para evoluir, e nesse sentido, pensamos na ciência”, disse Mayana Reis em entrevista ao Ciclo 22.
A simbologia está também na forma em que a história do Brasil pode ser contada por meio dos ciclos econômicos: o ciclo do Pau-brasil – durante o período de descobrimento – da cana de açúcar e ouro na era colonial e, mais tarde, em ciclos de algodão e café.
“Qual vai ser o nosso próximo ciclo? O que que a gente vai exportar? A gente pensa, realmente trazendo para a USP, que vamos exportar conhecimento”, afirmou Robson dos Santos.
Para chegar a tal resultado, durante reuniões que chegaram a durar 12 horas, o grupo se deparou com desafios relacionados, justamente, à escolha do nome que representaria a marca. Nesse sentido, a orientação do professor Pompeu se mostrou ainda mais importante.
A proximidade com os estudantes, além da criatividade demonstrada nas aulas junto ao poder de síntese — fundamentais para um bom publicitário — foram os pontos destacados pelo grupo na escolha da orientação.
Estudantes de publicidade da ECA-USP: Felipe Soares Miranda, Fernanda Bispo Luiz, Mariana Mente Marubayashi, Robson Lima dos Santos, Paulo Gabriel Leandro Belarmino Cristovão, Mayana Yumi Souza dos Reis – Fotos: Arquivo pessoal
Já para o professor Pompeu, a diversidade foi um dos principais componentes que fez o grupo se destacar. “O grupo representa muito daquilo que a USP tem de melhor, que é uma reunião de talentos, afetos e diversidades, o que prova pra qualquer um o quanto é daí que se pode esperar qualquer resposta positiva para os problemas que a gente tem que enfrentar”, disse.
Participar do concurso representou a possibilidade de estreitar os laços entre a Universidade e os estudantes. “Isso é muito importante para se criar um sentido de comunidade, para aumentar as possibilidades de desenvolvimento do aluno com a instituição. E também é uma forma de a instituição se manter renovada, arejada e atualizada, porque o aluno traz esse ‘frescor’”, afirmou o professor Pompeu.
Menções honrosas do concurso
Além da equipe vencedora, a banca do edital emitiu certificado de menção honrosa a outras quatro propostas inscritas. As marcas selecionadas para a menção foram Caleidoscópio; Epicentros; Q Brasil e Elos. Ao todo, foram inscritos 29 projetos de identidade visual, vindos de diversas unidades da USP.
Caleidoscópio
A proposta “Caleidoscópio” foi apresentada pela estudante de arquitetura Lívia de Magalhães Calsavara, com coordenação da professora Simone Helena Tanoue Vizioli, do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP. em São Carlos.
O termo veio a partir da reflexão sobre uma viagem no tempo que fosse capaz de fornecer elementos sobre os momentos citados no edital.
Apesar do desafio em participar do concurso ao mesmo tempo em que entregava seu projeto de conclusão de curso, Livia destacou a superação de conseguir entregar a marca. “A participação me trouxe bastante conteúdo, pois tive que conhecer um pouco das obras sobre modernismo e sobre a história do Brasil”, afirmou.
Professora Simone Helena Tanoue Vizioli e a estudante Lívia de Magalhães Calsavara, ambas do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP, em São Carlos – Foto: Arquivo pessoal
Epicentros
A marca foi idealizada pelas estudantes de psicologia Aline Pereira Rennó, Eduarda Rocha Sobrinho e Lara Saizaki Ueno, com participação de Julia Tozzi Muraro, estudante do mestrado em psicologia. A coordenação foi da professora Ana Paula Soares da Silva, do departamento de psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP.
As estudantes passaram por vários nomes até chegar a “Epicentros”, termo que, segundo Lara Saizaki Ueno, foi capaz de aglutinar todas as ideias com relação ao tema do edital. “Importante ressaltar que usamos a palavra no plural porque são vários os centros que vão interferindo na pluralidade e diversidade da história do Brasil”, explicou Aline Rennó.
Integrantes do Departamento de Psicologia da Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP): professora Ana Paula Soares da Silva e as estudantes Aline Pereira Rennó, Eduarda Rocha Sobrinho, Lara Saizaki Ueno, Julia Muraro – Fotos: Arquivo pessoal
“É comum as pessoas dentro da psicologia não saberem como divulgar seus serviços, e também há muitas questões éticas dentro da profissão. Queremos mostrar que é possível realizar ‘marketing’ ético dentro da psicologia”, disse Eduarda Rocha Sobrinho, ressaltando a página no instagram que o grupo criou para debater o assunto.
Q Brasil
A identidade foi produzida pelas estudantes de arquitetura Mariana Kobayashi Lensoni e Mariana Sayuri Takechi Yoshimura, e Luiza Midori Yoshimura, do curso de design. A coordenação foi do professor Gustavo Curcio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, em São Paulo
Integrantes do grupo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, professor Gustavo Curcio, Luiza Midori Yoshimura, Mariana Kobayashi Lensoni e Mariana Sayuri Takechi Yoshimura – Fotos: Arquivo pessoal
A inspiração veio, especialmente, da busca por qual Brasil se espera no próximo século. “Juntamos várias referências, como música e outras artes com a reflexão sobre o país do passado e do futuro”, disse Luiza Midori Yoshimura. E a partir de exercícios propostos pelo professor Curcio, formou-se a ideia final. “[A criação] foi muito para entender que Brasis, no plural, são esses”, afirmou Mariana Sayuri Takechi Yoshimura
Apesar da dificuldade que Mariana Kobayashi Lensoni relatou para trabalhar separada das outras integrantes do grupo, que são irmãs e moram juntas, ela e o restante da equipe ressaltaram que “ver o processo acontecer” foi um dos melhores aspectos da participação.
Elos
A marca foi realizada por Giovanna Navarro Miotto, Luiza Nadaleto Masiero, Mariana Blanco Gonzalez e Vívian de Almeida Coró, estudantes de arquitetura. A coordenação foi de Paulo Cesar Castral e Amanda Saba Ruggiero, professores no IAU-USP.
Integrantes do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU): professor Paulo Cesar Castral; as estudantes Giovanna Navarro Miotto, Luiza Nadaleto Masiero, Mariana Blanco Gonzalez, Vívian de Almeida Coró e a professora Amanda Saba Ruggiero
O grupo deu ênfase a pesquisa histórica e iconográfica sobre quatros marcos relacionados no edital para chegar ao conceito da marca. “Fizemos vários testes com números e desenhos até a forma de ‘Elos’ ir se estabelecendo”, explicou Giovanna Navarro Miotto. “O desenho se formou, especialmente, a partir de testes com o número 2, presente em todas as datas”, acrescentou Vívian de Almeida Coró.
Algumas disciplinas vistas durante o curso, especialmente relacionadas à linguagem, ajudaram na formação do logo, segundo Luiza Nadaleto Masiero, ajudando na disposição das cores, por exemplo. Atividades extra-acadêmicas, como empresa júnior, atlética e campanha do agasalho também envolveram as estudantes em atividades sobre linguagem publicitária, disse Mariana Blanco Gonzalez.
Para o coordenador do projeto, professor Paulo Castral, foi um desafio chegar no conceito, mas a participação promoveu aprendizados importantes. “Trabalhar com design gráfico foi uma experiência diferente do que costumamos ter na graduação. Entre todos do grupo, professores e alunos, foi bem enriquecedor”.