São Paulo na disputa pelo passado: o Monumento à Independência, de Ettore Ximenes

Tese de Doutorado: São Paulo na disputa pelo passado: o Monumento à Independência, de Ettore Ximenes

Autor(a): Michelli Cristine Scapol Monteiro

Ano: 2017

Orientador(a): Paulo César Garcez Marins

Unidade da USP: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU)

Disponível em: https://doi.org/10.11606/T.16.2018.tde-13062017-132316

Resumo: 

Esta tese analisa o processo de estabelecimento do Monumento à Independência como “lugar de memória” da emancipação política brasileira. Criada no contexto das comemorações do Centenário da Independência, a obra tornou-se elemento central dos festejos paulistas e revelou-se como um projeto de afirmação da cidade de São Paulo como centro simbólico do país, num embate evidente com a cidade do Rio de Janeiro na criação de uma história oficial brasileira. A trajetória dessa obra foi reconstituída, desde as primeiras intenções de edificação de um monumento no Ipiranga, ocorridas no período imperial brasileiro, até a inauguração do que ali se fez, em 1923. Analisou-se processo de escolha da obra, selecionada por meio de um concurso público internacional, examinando os debates em torno do edital, os projetos concorrentes e as críticas publicadas na imprensa em relação aos diferentes projetos. Constatou-se a importância de se ter selecionado o projeto de Ettore Ximenes, um artista italiano de grande reconhecimento profissional, como uma estratégia de consagração nacional e internacional do novo monumento paulista. Foram evidenciados os paralelos e sinergias entre os temas dos conjuntos escultóricos e relevos do Monumento à Independência com a exposição do Museu Paulista criada por Affonso Taunay para a comemoração de 1922, convergência favorecida pelo fato de que o historiador atuara simultaneamente como membro da comissão julgadora do concurso e diretor da instituição museológica. Além da obra escultórica e da exposição histórica, o projeto de consagração da colina do Ipiranga previa também o estabelecimento de um eixo urbano monumental, pontuado por esculturas e áreas ajardinadas, que ligaria o conjunto histórico ao centro da cidade. As intenções celebrativas da elite dirigente paulista, no entanto, foram impactadas pela incompletude do monumento e das obras a ele relacionadas em 1922 e pela diminuta repercussão que a inauguração do Monumento à Independência obteve na imprensa nacional e internacional.

Palavras-chave: Centenário da Independência; Escultura; Ettore Ximenes; História do imaginário; História urbana; Monumento.

Fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP.