Crisley Santana
Foto: Reprodução/BBM
Quais foram as contribuições dos eventos históricos ocorridos em 1822 e 1922 para o Brasil, e quais as perspectivas para o momento atual? Com essas reflexões a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM) da USP, em São Paulo, desenvolve a iniciativa “3×22”.
O projeto iniciou em 2017 a partir do entendimento de que a Universidade precisaria contribuir com o debate acerca dos eventos passados e suas lições, contou ao Ciclo22 o professor Alexandre Saes da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, e coordenador do “3×22”.
“Foi muito oportuno ter lançado isso dentro da biblioteca. Acho que teve um espírito de impulsionar uma série de discussões e a partir das comissões formadas a gente começou a ter frentes de trabalho”, explicou sobre as iniciativas dentro do projeto, que além de parcerias, envolve professores de diferentes unidades da USP.
Alexandre Saes, professor da FEA e coordenador do projeto 3x22 - Foto: Arquivo pessoal
O que é produzido no “3x22”
O projeto se propõe a produzir materiais e eventos que podem ser acompanhados por pesquisadores e educadores fora da Universidade, em escolas do ensino médio, por exemplo. Os temas da produção vão de tópicos relacionados aos marcos históricos, como o manifesto antropofágico, lançado no contexto do Modernismo, a temas contemporâneos, como o papel das mulheres na política e em outros espaços sociais.
Boletins
Assim são chamadas as revistas temáticas produzidas pelo projeto. Elas contém textos e ilustrações de diversos autores sobre o assunto central da edição. As primeiras publicações trouxeram conteúdo de cunho histórico, como nacionalidade e manifesto. Já as mais recentes debateram temas contemporâneos, como pluralidades indígenas e mulheridades. Os boletins são produzidos por estudantes da USP, com coordenação do professor Alexandre Saes.
Materiais Didáticos
A fim de contribuir com pesquisadores e educadores sobre os marcos de 22 e seus desdobramentos no presente, o projeto reúne artigos e publicações que podem servir de fonte de pesquisa. “Os kits “3 vezes 22” se inserem na preocupação de nossa historiografia de reescrever a história do Brasil, incorporando personagens, eventos e, acima de tudo, projetos de país suprimidos nos últimos duzentos anos”, indica a apresentação da iniciativa.
Vídeos
O projeto realiza entrevista com pesquisadores e professores da USP sobre tópicos que envolvem os marcos de 22 para aprofundar a discussão. Os vídeos são disponibilizados no canal da BBM pelo YouTube. “Os temas, que partem de questões mais acadêmicas, querem propor reflexões bastante contemporâneas, sobre grandes temas que nos importam para pensar em usos nos dias de hoje”, afirmou o professor Saes, que coordena a gravação dos vídeos pelos estudantes.
Eventos
Seminários feitos em parcerias com outras instituições e cursos foram oferecidos no âmbito do projeto. Um dos seminários foi “Celso Furtado e os 60 de anos de Formação Econômica do Brasil“, sobre um dos economistas e intelectuais mais importantes do país, realizado em 2019 com o Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP e Serviço Social do Comércio (SESC). O projeto também já premiou teses, a fim de incentivar a produção de pesquisas sobre os temas relacionados a 1822 e 1922.
Próximos passos
O professor Alexandre Saes coordena o próximo evento lançado pela Pró-reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP, o “3×22: Diálogos Improváveis”. O seminário, on-line, acontecerá entre os dias 13 e 17 de setembro e vai debater as datas do bicentenário da Independência e o centenário da Semana de Arte Moderna, celebradas em 2022, com mesas-redondas e atividades artístico-culturais.
Segundo ele, as próximas iniciativas do “3×22” na BBM envolvem a criação de um portal para agrupar todas as produções que estão no site da biblioteca; a publicação de coletâneas e publicações, além da disponibilização de uma lista com 200 livros importantes para refletir sobre o Brasil. A quantidade é inspirada no bicentenário da independência que será completado em 2022.
“Pensar o Brasil hoje é mais do que necessário para entender para onde podemos e queremos ir. Eu diria que a contribuição que a Universidade pode dar para o país é essa problematização”, afirmou Saes.