Minsk e Dois Dedos da prosa insone de Graciliano

Tese de Doutorado: Minsk e Dois Dedos da prosa insone de Graciliano

Autor(a): Ricardo de Medeiros Ramos Filho

Ano: 2020

Orientador(a): Maria Zilda da Cunha

Unidade da USP: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)

Disponível em: https://doi.org/10.11606/T.8.2020.tde-10082020-161908

 

Resumo:

A nossa intenção neste trabalho é situar o escritor Graciliano Ramos em um contexto de estudo onde se observe dois de seus contos publicados em Insônia (1947): Minsk e Dois dedos. Sendo que o conto Minsk teve versão publicada também para crianças (2013). A proposta justifica-se por ser Graciliano Ramos autor representativo da literatura brasileira, conhecido e estudado em países de língua portuguesa, amplamente pesquisado nos meios acadêmicos. Os dois contos, bem como outros textos escritos por Graciliano, sua obra, de maneira geral, servirão como corpus para que possamos verificar o escritor nordestino em um universo diferente daquele em que foi consagrado: o dos romances. Ao considerarmos as relações dinâmicas que se estabelecem entre autor, texto e leitor, e sabendo que o escritor, ao elaborar o seu trabalho, o faz submetido a uma intenção criativa e a um propósito estético, ideológico e social, cônscio da necessidade de buscar efeitos de sentido, transmitir o seu pensamento e incitar interpretações, tentaremos responder a uma questão que nos parece fundamental: seria mesmo a necessidade de conseguir transformar rapidamente seus textos em dinheiro o que teria feito Graciliano abandonar os romances depois de solto, em janeiro de 1937? Há uma tendência de se atribuir à necessidade de sustentar a família, o fato dele escrever contos e textos curtos, publicáveis em jornal, com o objetivo de rapidamente obter pagamento por eles. Tal prática teria feito Graciliano Ramos abdicar dos trabalhos de maior fôlego. Vidas secas, por exemplo, romance publicado em 1938, já seria uma obra fragmentada, nascida de contos anteriormente lançados em periódicos. Com este objetivo, analisaremos Minsk e Dois dedos, interpretando as vozes subjacentes que reverberam além do texto, e observando os contextos que permitem considerar o livro em questão em que estão inseridos (Insônia) como obra canônica de nossa literatura. Ao migrar de romancista para contista, cronista, produtor de escritos mais sintéticos, Graciliano estaria à vontade e exercendo o ofício de escritor em sua plenitude, ou a necessidade prática de subsistência estaria desperdiçando seu talento? Para isso procuramos fazer uma abordagem mais ampla de seus contos, focando particularmente, em Dois dedos e Minsk, como já dissemos, observando também sua versão infantil, buscando sua relação histórica com a escola, a sua contemporaneidade, as questões culturais que envolvem o autor, bem como o seu pensamento como escritor.

Palavras-chave: Dois Dedos; Graciliano Ramos; Insone; Literatura infantil; Minsk.

 

Fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP.