Boi Tungão, Boi Bonito: perspectivas do popular em Mário de Andrade e Guimarães Rosa

Dissertação de Mestrado: Boi Tungão, Boi Bonito: perspectivas do popular em Mário de Andrade e Guimarães Rosa

Autor(a): Antonio Lino Pinto Junior

Ano: 2021

Orientador(a): Ivan Francisco Marques

Unidade da USP: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)

Disponível em: https://doi.org/10.11606/D.8.2021.tde-10122021-191624

 

Resumo:

A busca pela matéria popular é um ponto de contato fundamental entre as obras de Mário de Andrade e Guimarães Rosa. Valorizando a vivência direta do Brasil dito “profundo”, ambos empreenderam pesquisas de campo de cunho etnográfico pelo interior do país. Em meio à riqueza documental das respectivas viagens, dois personagens mereceram tratamento especial: o coqueiro Chico Antônio – retratado por Mário de Andrade na série Vida do cantador, publicada na Folha da Manhã entre agosto e setembro de 1943 – e o vaqueiro Manuelzão – que inspirou o protagonista de “Uma estória de amor”, publicado por Guimarães Rosa em 1956 no conjunto do Corpo de baile. Os nexos entre os contos são substanciais: além da viagem como gênese, destacam-se a homonímia e homologia dos protagonistas com personagens reais, a ficção guarnecida de lastro etnográfico e os enredos talhados pela tradição oral. Na constituição do foco narrativo, entretanto, sobressaem disparidades importantes: enquanto a aderência empática rege a perspectiva do narrador rosiano em relação a Manuelzão e ao universo sertanejo em questão, a instabilidade e o pessimismo marcam o ponto de vista do narrador marioandradino em relação a Chico Antônio e a seu contexto histórico. A partir da análise do foco narrativo em Vida do cantador e “Uma estória de amor”, a presente dissertação desenvolve uma leitura comparada dos contos, realçando nuances de contraste nos pontos de vista dos dois narradores, à luz das perspectivas dos autores em suas relações com o popular.

Palavras-chave: Cultura popular; Foco narrativo; Guimarães Rosa; Mário de Andrade; Viagem etnográfica.

 

Fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP.