Tese de Doutorado: A Rádio Escola do Departamento de Cultura de São Paulo: Mário de Andrade e a formação do gosto musical (1935-1938)
Autor(a): Marcel Oliveira de Souza
Ano: 2016
Orientador(a): Flávia Camargo Toni
Unidade da USP: Escola de Comunicações e Artes (ECA)
Disponível em: https://doi.org/10.11606/T.27.2016.tde-08092016-153720
Resumo:
Na administração de Fábio da Silva Prado frente à Prefeitura de São Paulo, a municipalidade criou, em 1935, o Departamento de Cultura, sendo este o primeiro órgão municipal destinado à difusão, pesquisa e incentivo no campo das artes e da cultura. Participando efetivamente da elaboração do anteprojeto de criação do Departamento, Mário de Andrade assumiu a diretoria da instituição e, conforme determinava o regulamento, acumulou o cargo de Chefia da Divisão de Expansão Cultural. Pela abrangência do projeto e pelo ineditismo de suas iniciativas, o Departamento chamou a atenção de artistas, políticos e intelectuais interessados no estabelecimento de políticas públicas para a cultura no Brasil, tornando-se um centro de referência na capital paulista para assuntos relacionados às artes, aos divertimentos públicos, ao patrimônio cultural e à pesquisa sociológica, histórica e etnográfica. No âmbito da Divisão de Expansão Cultural, o projeto, aprovado em 1935, previa a criação de uma Rádio Escola, que seria o principal canal de comunicação do Departamento de Cultura com o público da cidade. Nesta Rádio, os ouvintes poderiam acompanhar concertos transmitidos do Teatro Municipal, programas de música ao vivo em estúdio, programas de discos selecionados do acervo da Discoteca Pública Municipal, e também conferências e cursos com intelectuais convidados. Apesar dos esforços da Diretoria do Departamento, a iniciativa nunca pôde ser implantada integralmente, isto é, a emissora, propriamente dita, nunca fora ao ar, o que não implica em dizer que tenha fracassado por completo. Para garantir a manutenção de uma programação com a qualidade pretendida, o Departamento necessitou criar uma estrutura institucional antes mesmo de dar início às irradiações. Primeiramente, foi criada uma seção burocrática, e, posteriormente, criou-se a Discoteca e os corpos musicais estáveis. Essa estrutura chegou a funcionar mesmo com a ausência de condições de levar ao ar a emissora, colocando em prática parte dos objetivos que o Departamento planejara para a Rádio Escola, sobretudo, no que se referia à formação do gosto musical do público paulistano. A Discoteca abriu seu acervo para consulentes e realizou gravações de música brasileira para o selo do Departamento de Cultura. Os corpos estáveis, por sua vez, realizaram, periodicamente, concertos públicos gratuitos de caráter educativo no Teatro Municipal. No contexto da década de 1930, período em que a expansão da atividade radiofônica já era perceptível no Brasil, e o projeto de criação de uma emissora do Departamento de Cultura estava relacionado às convicções intrínsecas aos intelectuais daquela época no potencial educativo da radiodifusão.
Palavras-chave: Gosto; Modernismo; Política cultural; Rádio educativa.
Fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP.