“Só me interessa o que não é meu”: a dimensão paródica do verso oswaldiano em Pau Brasil

Dissertação de Mestrado: “Só me interessa o que não é meu”: a dimensão paródica do verso oswaldiano em Pau Brasil

Autor(a): Eduardo Borges Ciabotti

Ano: 2013

Orientador(a): Therezinha Apparecida Porto Ancona Lopez

Unidade da USP: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)

Disponível em: https://doi.org/10.11606/D.8.2013.tde-27062013-104242

 

Resumo:

O presente trabalho analisa as motivações, os alcances e os efeitos da paródia em alguns poemas de Pau Brasil (1925), de Oswald de Andrade. Inicio a dissertação com um painel constituído de reflexões acerca de algumas formas de arte contemporâneas a Pau Brasil, responsáveis por uma radical reestruturação no modo de conceber o texto literário, para, a seguir, situar a paródia entre essas práticas artísticas. Busco, assim, caracterizar a inserção de Oswald de Andrade e do modernismo brasileiro no viés paródico das vanguardas artístico-literárias europeias do início do século XX. É no contexto moderno da autorreferência e autolegitimação que a paródia se estabelece enquanto eficaz efeito metalinguístico e se mostra como profícuo mecanismo de investigação crítica acerca do processo de produção, recepção e (re)interpretação de textos (e de obras de arte em geral). Radical provocadora de mudanças de expectativas e de perspectivas, a paródia se articula com o projeto artístico moderno, possibilitando o questionamento de (pre)conceitos e uma (re)visão de determinados elementos artísticos e, consequentemente, dos papéis desempenhados por eles. A paródia serve de articulação entre arte e história e não se faz adequar a posturas idealizantes e/ou classizantes. A partir dessa conjuntura, a poética do movimento modernista brasileiro incluiu também, entre os preceitos da nova estética, uma aproximação crítica de obras do passado por meio do emprego da paródia. Ciente do seu passado e do seu presente, o projeto literário de Oswald de Andrade priorizou e incorporou parodicamente os discursos literário, histórico, político, religioso etc, através de uma aguda e conscienciosa reelaboração linguístico-literária. A paródia na obra de Oswald de Andrade, por um lado, faz jus à revolução estética que o movimento modernista trouxe à cultura brasileira e, por outro, torna possíveis ponderações acerca de inovações radicais no código literário brasileiro da primeira metade do século XX. Por meio da utilização paródica de textos históricos e literários em Pau Brasil e do uso de diferentes discursos e registros da língua portuguesa, Oswald de Andrade restaura a história e a literatura brasileira, da carta de Pero Vaz de Caminha à contemporaneidade do poeta. E ainda assinala, com saborosa argúcia, a diversidade e a disparidade socioeconômica do habitante nacional.

Palavras-chave: Autolegitimação; Autorreferência; Modernismo; Oswald de Andrade; Paródia; Pau Brasil.

 

Fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP.