Modernidade, voto secreto e escola pública no Brasil: rascunhos da cultura republicana

Autor(a): Carlota Boto

Revista: Revista de História das Ideias

Ano: 2006

Disponível em: https://digitalis-dsp.uc.pt/handle/10316.2/41647

Resumo: .O presente artigo debruça-se sobre alguns aspectos do debate pedagógico brasileiro no período compreendido entre a Primeira República e os anos iniciais da etapa que ficou conhecida na História do Brasil como República Nova. Trata-se, fundamentalmente, de uma época na qual a discussão sobre a escola foi vinculada à luta travada na arena política pelo voto secreto. Sendo assim o objetivo foi o de abordar o discurso político da época, tendo por propósito averiguar nele a intersecção pretendida entre a ideia de maioridade cívica e a extensão da escola para todas as crianças. Tomando os primeiros decénios do século XX como ponto de partida, procurou-se identificar o lugar político ocupado pela Liga Nacionalista de São Paulo e seu posterior desdobramento na organização do Partido Democrático nos anos 20. Em seguida, buscou-se reconhecer o papel dos auto-intitulados profissionais da educação, tanto na coordenação do Inquérito sobre Instrução Pública promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo, em 1926, quanto na elaboração do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, redigido por Fernando de Azevedo, em 1932; e assinado pelos principais educadores do período. Esse documento tornar-se-ia imediatamente a principal referência do debate pedagógico dos anos imediatamente posteriores; tendo sido, em alguma medida, apropriado pela letra da Carta Constitucional de 1934. Perscrutar esse movimento possibilita a reconstituição de significados pedagógicos de uma cultura republicana cuja meta, até certo ponto, foi a de conduzir o Brasil para o ingresso em sua Modernidade. 

Fonte: Repositório USP