Descrição: São Paulo – Cacofonias e Polifonias. O Presente à Luz de Memórias, Reminiscências, Permanências e Transformações
São Paulo 1984, Museu da Imagem e do Som. Massimo Canevacci, antropólogo italiano, especialista na obra de Pasolini, apresenta e analisa documentário cujo argumento trata da possibilidade de transposição do Mito de Orestes para a cosmovisão africana.
Na plateia, a fotógrafa Maureen Bisilliat e a professora Eda Tassara acompanham com interesse a produção visionária e terráquea ao mesmo tempo, que Canevacci analisa com voz suave e ternura temática.
Nasce, nesse instante, um elo entre pensadores que se enraíza e permanece em contínuas mutações. Seu locus inicial, a metrópole paulistana que Canevacci nunca mais deixou de acompanhar.
Nesse périplo, escreveu mensagem literária intitulada “A Cidade Polifônica: ensaio sobre a antropologia da comunicação urbana”, na qual apresentava uma leitura que germinava o conceito de ubiquidade que vai informar grande parte de sua obra subsequente.
Este processo dialético dinâmico característico da fecunda produção de Canevacci vem sendo acompanhado de perto por Eda Tassara. Já em 1993, por ocasião do lançamento do livro A Cidade Polifônica em sua tradução italiana, a mesma participou desta apresentação realizada em Roma, no Centro de Estudos Brasileiros da Embaixada do Brasil, com ensaio no qual analisava a obra sob o ponto de vista de uma montagem literária da cidade de São Paulo, feita através de olhares, abordagens antropológicas e fatos históricos.
Hoje, Canevacci, pensador italiano quase brasileiro e Eda Tassara, pensadora brasileira quase italiana, como descrevem, explicam ou interpretam suas reminiscências e vivências sobre São Paulo?
Em licença poética e à guisa de síntese, trazemos, como ilustração, palavras de Santo Agostinho: Chego aos campos e vastos palácios da memória, onde estão tesouros de inumeráveis imagens trazidas por percepções de toda espécie. Ali repousa tudo o que a ela foi entregue, que o esquecimento ainda não absorveu nem sepultou… Aí estão presentes o céu, a terra, o mar, com todos os pormenores que neles pude perceber pelos sentidos, exceto os que esqueci. É lá que me encontro a mim mesmo, e recordo das ações que fiz, o seu tempo, lugar, e até os sentimentos que me dominavam ao praticá-las (apud Chaui, 1994, pp. 125-126). Mas ela, a memória, também floresce no lugar das paisagens, paisagens que não são apenas um cenário, mas uma história, uma implicação histórica. As paisagens mudam e nós com elas (Ardans, 2016).
São Paulo 2022, Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo. Massimo Canevacci e Eda Tassara falam sobre São Paulo.
Bibliografia:
ARDANS, Omar (2016). “Comunidade, enraizamento e socioambiente”. In: TASSARA, Eda e PATRÍCIO, Sandra (orgs) (2016). Política Ambiental. Contribuições interdisciplinares ara um projeto de futuro. São Paulo, Educ/FAPESP, pp. 144-166.
CANEVACCI, M. A Cidade Polifônica: ensaio sobre a antropologia da comunicação urbana. 3. ed. São Paulo: Studio Nobel, 1993. v. 1. 262p .
CHAUÍ, Marilena (1994). Convite à filosofia. São Paulo, Ática, pp. 125-126.
Exposição: Massimo Canevacci (Grupo de Pesquisa Política Ambiental/IEA)
Coordenação: Eda Tassara (Grupo de Pesquisa Política Ambiental/IEA)
Organização: Grupo de Pesquisa Política Ambiental
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Ff4dZ8AmVyI&t=8s
Fonte: IEA/USP